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domingo, janeiro 17, 2010

SÓ DE SACANAGEM



Domingo, dia preguiçoso, sem muitas opções... Minha filha Lays e o seu namorado, Fabrício, trouxeram o DVD do show de Seu Jorge e Ana Carolina. Uma obra-prima!
Em seu show com Seu Jorge, com firmeza, Ana Carolina declama um poema de Elisa Lucinda, oportuníssimo pela lucidez com que fala deste nosso Brasil de "malas e cuecas que voam entupidas de Dinheiro".
Um recado firme e forte de Elisa Lucinda para aqueles que acham que os verdadeiros cidadãos estão descrentes e desmobilizados diante de tantas trapalhadas de nossos políticos. Para a plena cidadania, tudo isso tem um efeito contrário: o de reafirmar a crença na justiça e nas instituições, na honestidade e na dignidade humana. E no poder da mobilização para transformação e construção de uma realidade mais justa e menos violenta.
O texto de Elisa Lucinda e a música de Ana Carolina em parceria com Tom Zé, "Unimultiplicidade", traduz  toda a indignação dos brasileiros ante a tanta corrupção, tantos desmandos, tanta impunidade...




"Bom, e aí, resolvi fazer umas coisas que não tinha conseguido fazer antes e queria... fiquei com vontade de encontrar umas pessoas que eu não tinha encontrado ainda. O primeiro nome forte que me veio foi Tom Zé, esse gênio maravilhoso, e, quando eu encontrei com ele, eu encontrei carinho, abrigo e uma pessoa mais incrível ainda que teve uma grande sacada nessa nossa primeira parceria chamada Unimultiplicidade, onde cada homem é sozinho a casa da humanidade. Valeu Tom! E antes de fazer essa canção, eu queria ler um textinho aqui da Elisa Lucinda, chama-se Só de sacanagem." (Ana Carolina)


Meu coração está aos pulos! Quantas vezes minha esperança será posta à prova?
Por quantas provas terá ela que passar?



Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu dinheiro, que reservo duramente para educar os meninos mais pobres que eu, para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.
Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova? Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?
É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.



Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e dos justos que os precederam: “Não roubarás”, “Devolva o lápis do coleguinha”, Esse apontador não é seu, minha filhinha”.
Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar.
Até habeas corpus preventivo,
coisa da qual nunca tinha ouvido falar e sobre a qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará.
Pois bem, se mexeram comigo,
com a velha e fiel fé do meu povo sofrido,
então agora eu vou sacanear:
mais honesta ainda vou ficar.
Só de sacanagem!
Dirão: “Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo o mundo rouba” e eu vou dizer: Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos, vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês.
Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau.
Dirão: “É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal”.
Eu direi: Não admito, minha esperança é imortal.
Eu repito, ouviram? IMORTAL!
Sei que não dá para mudar o começo
mas, se a gente quiser,
vai dar para mudar o final!


Aí... Olha só que interessante! Localizei no Youtube a Elisa Lucinda, autora de "Só de Sacanagem", sendo entrevistada no Programa do Jô Soares e, ela própria, declamando o seu poema. É fascinante!!!!






"Unimultiplicidade", de Tom Zé e Ana Carolina: uma pérola!!!!


Neste Brasil corrupção
pontapé bundão
puto saco de mau cheiro
do Acre ao Rio de Janeiro 


Neste país de manda-chuvas 
cheio de mãos e luvas 
tem sempre alguém se dando bem 
de São Paulo a Belém 
Pego meu violão de guerra 
pra responder essa sujeira 
E como começo de caminho 
quero a unimultiplicidade 
onde cada homem é sozinho 
a casa da humanidade 
Não tenho nada na cabeça 
a não ser o céu 
não tenho nada por sapato 
a não ser o passo 
Neste país de pouca renda 
senhoras costurando 
pela injustiça vão rezando 
da Bahia ao Espírito Santo 
Brasília tem suas estradas 
mas eu navego é noutras águas 
E como começo de caminho 
quero a unimultiplicidade 
onde cada homem é sozinho 
a casa da humanidade
__________________
Fonte: http://www.avozdocidadao.com.br/detailAgendaCidadania.asp?ID=184
Fonte: http://letras.terra.com.br/ana-carolina-seu-jorge/753681/
Fonte: http://vagalume.uol.com.br/tom-ze/unimultiplicidade.html

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