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quarta-feira, outubro 13, 2010

SAIBA O QUE OS PRÓXIMOS GOVERNANTES PODEM FAZER PARA VALORIZAR O PROFESSOR

Conheça a opinião de especialistas e de entidades sobre as necessidades do magistério

 
Saiba o que os próximos governantes podem fazer para valorizar o professor
 
Pedro Bottino Teixeira
Simone Harnik
Da Redação do Todos Pela Educação
Em meio à corrida eleitoral, o Dia do Professor, celebrado em 15 de outubro, é um bom pretexto para questionar o que os próximos governantes podem fazer pela valorização do magistério. Assim, o Todos Pela Educação ouviu a opinião de cinco especialistas– ligados à academia ou entidades – sobre o que deve ser feito para resgatar a atratividade da profissão de docente.
"Valorizar o professor é um passo fundamental para conquistarmos uma Educação de qualidade para todos", afirma Priscila Cruz, diretora-executiva do movimento. "Assim, na hora de eleger os próximo governantes, é importante observar o que cada candidato fez pela Educação e o que pretende fazer. Duas medidas urgentes são: a formação inicial sólida, que relacione as teorias da Educação com a prática em sala de aula; e tornar a carreira atraente para os jovens talentos."
Veja abaixo as opiniões:

 
Yvelise Arco-Verde
Presidente do Conselho Nacional de Secretários da Educação (Consed) e secretária de Educação do Paraná
“O professor deve ser reconhecido pela sua produção, e essa valorização tem de ser dada pelo salário”, diz Yvelise Arco-Verde. Mas para a presidente do Consed, porém, a valorização passa por uma série de medidas que vão além da remuneração: “Em primeiro lugar, deve haver um plano de carreira. Caso contrário, o piso salarial passa a ser teto. Depois, não é só salário e carreira, mas valorizar o professor implica toda uma concepção de escola”.
Formação
Para Yvelise, o professor precisa ser reconhecido como sujeito do conhecimento. “Como o conhecimento deve estar em constante atualização, o professor precisa de formação inicial e continuada”.
De acordo com ela, esse tipo de formação não tem funcionado em todos os estados. E isso ocorre, em grande medida, porque a entrada de professores na rede de ensino nem sempre é feita por concursos públicos. “O professor temporário, o substituto, pode resolver alguns problemas imediatos, mas, a longo prazo, essa prática tem contribuído para a precarização do ensino”, diz.
Além disso, Yvelise aponta que o empobrecimento da formação do professor, aconteceu devido à falta de preocupação com a qualidade do ensino, em benefício da universalização do atendimento. “O professor não deve ser visto nem como vítima nem como algoz. Ele é um membro desse processo histórico de empobrecimento da Educação brasileira.”


Carlos Eduardo Sanches
Presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime)
O primeiro passo para valorizar o professor, segundo Sanches, é garantir a implantação da lei do piso salarial do magistério. "Precisamos avançar no diálogo entre gestores e os trabalhadores da Educação", aponta. O dirigente da Undime afirma que é necessário definir dois pontos na lei do piso: o conceito de piso precisa ser melhor estabelecido e, em segundo lugar, que 33% da carga de trabalho do docente seja para planejamento de atividades.
Como o limite mínimo a ser pago aos docentes está sendo questionado no Supremo Tribunal Federal (STF), Sanches diz acreditar que o diálogo da sociedade e a construção de um consenso em torno do assunto podem ser uma demonstração positiva para o voto dos ministros.
Aumento do investimento público
A segunda medida urgente, de acordo com Sanches, é o aumento dos recursos para a Educação. "Não há como avançar se não tivermos política de investimento maior e voltado para a efetiva melhoria da qualidade. Principalmente da União." Um dos focos de novas verbas, afirma Sanches, deve ser a formação e a carreira do professor.
Uma das fontes para o financiamento apontadas por Sanches deve ser o Fundo Social do pré-sal: "Precisamos investir 50% dos recursos do fundo na Educação."
Plano Nacional de Educação
A garantia de perspectivas melhores para o magistério, na opinião de Sanches, deve estar inserida no novo Plano Nacional de Educação. O plano, que contém diretrizes e metas para o setor educacional, está em elaboração nas mãos do ministro Fernando Haddad e deverá ser enviado ao Congresso até o fim do ano.


Roberto Leão
Presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE)
"Acho que o processo de valorização dos professores passa por ter resolvida a questão do piso. Ele precisa ser implementado efetivamente", diz Roberto Leão. Além disso, o presidente da CNTE aponta a formação continuada e consistente como outro passo urgente a ser dado no País. "É preciso uma formação sólida, que permita enfrentar os desafios e os parâmetros da nossa juventude."
Carreira
Para Leão, é necessário o estabelecimento de uma carreira que ofereça possibilidades de crescimento tanto salarial quanto de conteúdo para os professores. "Temos de criar mecanismos de promoção muito claros, nos quais não prevaleçam critérios subjetivos. É preciso valorizar o tempo de serviço e os aprofundamentos de cada professor [como cursos ou pós-graduação]", aponta. "Hoje, a profissão não atrai o jovem, pois os salários são baixos e as perspectivas ligadas a critérios subjetivos."
Avaliações
"Consideramos que avaliações do trabalho do professor devem existir. Mas elas precisam ser pedagógicas, e não com o objetivo de culpar os professore pela Educação brasileira", diz Leão.
As condições de trabalho também deve ser dignas, as escolas bem aparelhadas com laboratórios e bibliotecas, afirma o dirigente da CNTE. "Esse conjunto todo de medidas precisa ser atacado no seu todo. Não dá para fazer intervenções pontuais, se queremos uma Educação de qualidade que se sustente."
No Dia do Professor, para Leão, a categoria tem a comemorar que não perde a capacidade de luta. "A determinação dos professores contribui para que a Educação pública não esteja em situação pior. São os trabalhadores que fazem a Educação existir, mesmo com tantas dificuldades."


Célio da CunhaProfessor da UnB (Universidade de Brasília) e assessor especial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) no Brasil
Para Célio da Cunha, a valorização do professor deve estar ligada à valorização da qualidade da Educação como um todo. “A exemplo de alguns países, a primeira medida seria fazer com que o ensino fosse efetivamente priorizado.”
Cunha afirma que a ampliação do atendimento do Ensino Fundamental no Brasil, intensificada nas últimas duas décadas, não foi acompanhada pela melhora da qualidade. “O Brasil viveu uma explosão de quantidade. Rapidamente, saímos de uma ausência que beirava os 50%, para uma presença de quase 100%”.
Qualidade
Na opinião do assessor da Unesco, o aumento da demanda por professores não permitiu que eles fossem preparados de forma adequada. "Agora que a meta qualitativa já foi atingida, precisa ser complementada por uma melhora qualitativa."
Preocupado com a descontinuidade das políticas educacionais, ele lembra que é importante que os novos governantes “não destruam o que os anteriores fizeram de bom”.


Maria Regina Maluf
Professora livre-docente aposentada do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) e titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)
Na opinião de Maria Regina Maluf, duas são as medidas prioritárias para melhorar as condições de trabalho dos professores: "ampliação dos recursos destinados para a área e criação de um Plano Nacional de Educação efetivo".
Maria Regina também enfatiza que "a valorização do professor só ocorre dentro de um plano mais amplo de valorização da Educação nacional". O que, para ela, significa priorizar a Educação e oferecer condições para que todos tenham acesso a Educação de qualidade. Além melhorar as condições básicas de trabalho do professor, ela defende uma formação que permita aos docentes relacionarem teoria e prática.
Ensino Fundamental
Maria Regina pede atenção especial para o Ensino Fundamental. Entre as medidas que melhorariam a relação professor-aluno, ela cita a redução do número de alunos por sala: "Para o Fundamental, o número aceitável é de 20, no máximo 25 alunos por professor".
"A maioria dos professores são heróis, que apesar das péssimas condições, seguem trabalhando", diz Maria Regina. "Por outro lado, há muitos professores deixando o trabalho. Há um movimento de abandono da carreira docente no Brasil. E, além disso, há outro grupo, o dos que levam a profissão como podem, por falta de alternativa, ou por inércia.
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